Divulgue os factos antes de alimentar a fogueira do ódio

Igreja e escolas residenciais, editorial de Joe Volpe traduzido para o português por Carlos Lima 

TORONTO – Não consigo entender como actos de incêndios criminosos contra símbolos (ícones) de raiz religiosa, possam ganhar a simpatia ou provocar o sentimento de culpa de alguém, por erros reconhecidos que foram cometidos no passado.

Não ajuda, que o pincel que pinta a culpa, esteja a manchar a todos e a todas as coisas católicas.

Talvez esse seja o resultado esperado.

Aparentemente, um movimento cristão que dura há mais de dois mil anos, é agora, o bode expiatório para todas as comunidades minoritárias, autodeclaradas como; marginalizadas, oprimidas e “ofendidas”, ou seja, o chamado movimento do “grande reinício”.

Assim se pode derrubar uma religião e com ela, as suas ideologias e os princípios que fundamentam os conceitos jurídico-culturais que norteiam a civilização ocidental a que chamamos nossa.

Você conhece aquele que diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo e a Deus acima de tudo”.

Ou em termos mais seculares, “igualdade, fraternidade, liberdade” que emergiu de um dos mais violentos “grandes reinícios” num dos maiores países colonizadores do mundo (a França revolucionária).

Que conjunto de valores e filosofias se oferecem como substitutos?

Como se pode garantir que um sistema de aferição e fiscalização funcione de forma mais eficaz e efetiva do que aquele que querem interromper?

Já alguém falou sobre isso?

O que gerou a “indignação pública” contra os católicos, o catolicismo e a Igreja?

O Corriere Canadese está no mundo das reportagens e notícias, não é uma igreja nem instituição de ensino.

Tentamos recolher os factos, verificar e analisar o máximo possível e só depois se comenta ou crítica.

Perguntamos se há algo de novo, o que é diferente do que não conhecíamos antes?

Junho foi um mês em que essas questões nunca foram tão pertinentes… ou esquecidas.

Por exemplo, fomos informados, que sensores de “inspecção do solo” identificaram a presença de túmulos, adjacentes a antigas escolas residenciais.

Que as almas dos que partiram descansem em paz.

O respeito e a dignidade pelos mortos, seriam a primeira reação de todo o ser educado.

Os cemitérios, “campos sagrados”, estão fechados e abandonados há meio século.

As campas não estão marcadas.

Seja qual for a precisão da tecnologia que os descobriu, ainda ninguém informou a idade dos falecidos ou como e quando faleceram.

Sabemos que o Governo do Canadá (mais propriamente o Domínio de Sua Majestade do Canadá), estabeleceu escolas residenciais como parte do programa para integrar as comunidades aborígenes ao “mainstream canadiano”.

Os clérigos ou as igrejas que os dirigiam eram agentes desses governos.

Se houver documentos (porque não há-de haver?), pode ajudar-nos a entender melhor o que aconteceu, os herdeiros desses governos deveriam estar melhor preparados para divulgar as informações.

Até que isso aconteça, todos são levados a crer e a esperar o pior para os 150.000 alunos matriculados nessas escolas sob as mãos de homens e mulheres que já morreram há muito.